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Da caverna à moradia
A ideia de sermos proprietários do nosso próprio lar é algo a que já nos habituámos no nosso quotidiano. Muitos podem pensar que é algo moderno, no entanto, vamos ver que esta ideia é mais antiga do que se pode pensar. Por isso é que nos lembrámos de falar um pouco da História do Imobiliário.
Os nossos antepassados foram gradualmente evoluindo de sociedades de caça-recoleção, portanto do nomadismo – vulgo “homens-de-caverna”, para sociedades agrárias, mais sedentários, a partir de 30.000 a 15.000 A.C. Esta transição deu início ao sentimento de propriedade, o Homem passou a ser dono da sua casa.
Com a descoberta da agricultura, os nossos antepassados foram-se fixando num território. Isto levou a que houvesse reivindicação de terras e a necessidade de as defender. Então, foi preciso haver maior organização tribal devido ao crescimento da população. O chefe da tribo organizava a segurança da sociedade, distribuía as tarefas e resolvia questões internas. Ao longo do tempo, com a evolução destas sociedades, os chefes foram transformados em reis, faraós e outras posições de poder. Já desde esta época, a liderança da população garantia a organização e defesa da sociedade, em troca de pagamentos. Estes eram os famosos impostos nos seus primórdios. Ao mesmo tempo, os reis doavam terras aos amigos e confidentes, que permitiam que os trabalhadores lavrassem as suas terras em troca de uma renda. Não esquecendo a parte que competia ao rei – a César o que é de César! Portanto, impostos e rendas. Soa familiar? Este sistema, era bastante prevalente na Idade Média, sendo, então, conhecida por feudalismo.
No entanto, à população era permitida realizar trocas comerciais entre si e com trabalhadores de outros reinos. Assim nasceram outros tipos de trabalhador: o mercador e o comerciante. Estes tinham de ter edifícios que não fossem quintas e herdades. Começaram, portanto, a construir outro estilo de imóvel, tais como lojas e outras casas, para exercer a sua atividade. E então surgiu ainda outra ocupação, entre estes mercadores mais ricos: o senhorio. Este recebia as rendas e negociava vendas de imóveis, mais uma vez, não esquecendo os impostos devidos ao rei, uma vez que podiam ser proprietários dos edifícios, mas as terras não eram suas. Continua a soar familiar?
Ao longo dos séculos, a aristocracia foi sendo substituída pela meritocracia, isto é, quem governava era quem tinha mérito em vez de ter linhagem, nascendo o que hoje chamamos de política. As terras foram divididas em parcelas mais pequenas e vendidas numa espécie de mercado livre, em que quem detinha as escrituras desses imóveis eram os senhorios, os homens de negócio, em vez dos nobres. As Revoluções Industriais – a primeira no século XVIII e a segunda entre os séculos XIX e XX – vieram exacerbar esta situação, alterando ainda mais o paradigma social. O mercado de trabalho alterou-se, com a invenção das máquinas, houve necessidade de o trabalhador procurar outro meio de sustento. Ocupações antigamente consideradas essenciais, foram substituídas por meios mecanizados, sendo que esses trabalhadores foram obrigados a voltar para a agricultura ou ir para as minas. Mas entre os que foram forçados a mudar de profissão, existiam os mais ambiciosos e sortudos, adaptando-se bem à nova realidade. Obviamente enriqueceram, mas não esqueceram a classe de onde vieram, e deram início à comercialização de imóveis e outros produtos direcionados ao trabalhador. Assim nasce a classe média, dividida entre os “colarinhos azuis” – que trabalhavam nas fábricas, na construção e labores semelhantes – e os “colarinhos brancos” – que trabalhavam no mercado dos serviços, trabalho de escritório.
Agora, com o aumento do trabalho e o poder de compra – a riqueza do Mundo aumentou no geral -, a classe média teve acesso a algo que lhes era quase impossível de alcançar: o crédito bancário. O crédito era concedido quase exclusivamente às classes altas. Foi mais uma ajuda para esta classe ser dona de propriedades e ter o posto de senhorio. E mais um passo para o que conhecemos hoje. E assim, chegamos aos nossos dias. Felizmente, deixou de ser necessário ser chefe de tribo, rei, nobre ou da classe alta para ser proprietário de um imóvel. Hoje está ao acesso de todos, graças ao trabalho dos nossos antepassados, do nosso próprio trabalho e da evolução da sociedade. Demorou 30.000 anos, mas chegámos lá. Hoje somos donos da nossa casa!